Muitas empresas no Brasil passam anos, ou até décadas sem um crescimento perceptível, mas esse não é o caso da MadeiraMadeira. Fundada em 2009, hoje é a maior loja online do Brasil especializada em produtos para a casa, crescendo 80% ao ano (PEGN, 2019).

Silvio Meira diz que o empreendedorismo brasileiro é um empreendedorismo de necessidade, não de oportunidade, ou seja, geralmente nós empreendemos porque precisamos, e não porque encontramos uma brecha de mercado e decidimos explorá-la.

Foi assim que surgiu a MadeiraMadeira: após a falêcia da empresa do pai, Daniel e Marcelo Scandian (dois dos fundadores, sendo o terceiro Robson Privado) criaram um site e utilizaram o Google Adwords para vender as máquinas ociosas e o restante da mercadoria, ganhando uma comissão para tal (ENDEAVOR).

Foi um sucesso! Todos os produtos foram vendidos e, com o dinheiro da comissão e o contentamento pelo feito, os dois decidiram continuar no caminho do empreendedorismo e criaram a MadeiraMadeira.

Até aqui tudo bem. Com você pode ver, a origem não é tão diferente dos outros 50 milhões de empreendedores no Brasil (ISTOÉ, 2018). O resultado, no entanto, é completamente diferente da grande maioria (infelizmente), e é por isso que é interessante analisarmos alguns pontos importantes da sua caminhada e compararmos com a nossa própria caminhada, a fim de obtermos alguns insights interessantes.

Então vamos lá!

Lição 1: Começo Digital

Sem sombra de dúvidas, vivemos em uma Era Digital. Usamos o Mundo Digital para uma grande quantidade de tarefas como, por exemplo, chamar um motorista, pedir algum almoço, pagar contas (lembra-se das filas para pagar boletos?) e etc.

No entanto, uma grande quantidade de empreendedores ainda insiste em ficar totalmente fora do mundo digital, ou até mesmo em deixá-lo como último item na lista das prioridades, o que acaba trazendo os mesmos problemas.

Você pode se perguntar: “E que problemas são esses?”.

Vamos fazer uma pequena comparação da MadeiraMadeira com uma loja de roupas…

Veja que os dois sócios começaram pela criação de um site e a utilização de estratégias de marketing digital para a venda dos produtos físicos que eles já tinham. Eles não pensaram em abrir uma loja no centro da cidade para fazê-lo, o que seria o pensamento convencional.

O legal, no caso deles, é que deu certo. Mas… E se o resultado fosse negativo? Se não tivesse dado certo?

No máximo eles teriam arcado com as despesas da criação do site, dentre outras coisas, o que, inicialmente, parece ser um gasto considerável para um empreendedor iniciante.

No entanto, vamos comparar com o ponto de vista analógico e, para isso, vamos utilizar uma empresa tradicional: uma loja de roupas. O que geralmente é feito, nesse caso, é:

  • Alugar um ponto físico;
  • Geralmente paga-se por uma reforma, para a personalização do ambiente;
  • Compra de equipamentos de climatização;
  • Aquisição de balcões e prateleiras;
  • Compra de uma grande quantidade de produtos para a inauguração;
  • Etc.

Agora, vamos comparar os gastos da criação de um simples website, com os gastos de todos os pontos descritos acima. Qual é a maior despesa?

Como você pode perceber, de longe, o aluguel e todas as outras despesas representam um gasto bem maior que a criação de um website.

Agora vamos para o segundo raciocínio: e se a loja de roupas do nosso exemplo não der certo? Imagina aí os prejuízos não somente financeiros, mas de tempo e energia gastos na tentativa de fazer tal empreendimento dar certo!

Tem uma frase bem interessante citada por Lair Ribeiro que diz mais ou menos assim: “você não pode colocar todos os seus ovos em uma cesta, pois se alguém passar e levá-la, você fica sem nada”.

O ambiente do empreendedorismo hoje em dia encontra-se mais ou menos assim: você primeiro faz o teste e, à medida que for dando certo, você vai dedicando maiores investimentos, sejam financeiros, de energia etc.

Lição 2: A utilização do Marketing Digital

Circula uma lenda urbana por grande parte dos empreendedores brasileiros que diz mais ou menos assim: “o marketing boca a boca é o melhor marketing”.

Como resultado dessa crença, o processo de início segue basicamente o seguinte padrão: aluga-se um ponto físico, coloca-se dentro as prateleiras e os produtos e, por fim, espera-se as pessoas entrarem.

Nesse ponto, eu afirmo categoricamente: todo empreendedor que começar sua empresa assim, tem quase todas as chances de fechar suas portas, muito antes que imagina. E o motivo é simples, como comentarei logo a seguir…

Certo dia, um dos nossos clientes fez o seguinte comentário: “Everton, não entendo o que está acontecendo. Compro os produtos e os coloco em exposição, mas os clientes vêm, testam os produtos e então voltam para suas casas, para comprá-los de outras empresas pela internet. Assim, compro produtos, pago aluguel, funcionário, energia e impostos, apenas para servir de vitrine.”

Meio complicada a situação, não concorda? Mas provavelmente você deva conhecer alguém que passa por pelo menos algo parecido…

Agora, pare um momento e tente responder as seguintes perguntas:

  • Você já recebeu algum e-mail com alguma oferta de alguma empresa?
  • Ao navegar pelas redes sociais, você já viu algum anúncio de algum produto o serviço?
  • Ao fazer alguma pesquisa pelo Google, você já viu algum anúncio de produtos ou serviços?

Perceba que isso é comum no nosso dia a dia. Mais ainda, perceba que é natural para as empresas por trás desses e-mails e anúncios irem em busca dos seus clientes, e não ficarem esperando os clientes entrarem no ponto físico da sua empresa.

Será que isso não é uma extrema desvantagem para quem ainda não anuncia na internet ou utiliza e-mails marketing para promover seus produtos ou serviços?

Lição 3: Inovação Constante

Como podemos ver em uma reportagem da EXAME, em 2016 a MadeiraMadeira deixou de trabalhar com estoques e passou a fazer apenas a ponte entre seus parceiros e potenciais clientes.

Além disso, no mesmo ano, investiu tanto em tecnologia que um dos seus sócios, Daniel Scandian, fez o seguinte comentário: “Deixamos definitivamente de ser um e-commerce para nos tornarmos uma empresa de tecnologia”.

Agora, pensemos o seguinte:

Quantos supermercados deixam de ser um supermercado, e passam a ser uma empresa de tecnologia?

Quantas oficinas mecânicas deixam de ser oficinas e passam a ser empresas de tecnologia?

Quantas Casas de Material de Construção deixam de sê-lo, e passam a ser empresas de tecnologia?

E por que todos deveríamos ser empresas tecnologia?

Voltando à Silvio Meira, ele nos explica que todo modelo de negócios Analógico é cada vez manos viável, e que é necessário que nossos modelos de negócio comecem do Digital. Mesmo aqueles que trabalham com produtos analógicos, devem começar do Digital, e construir apenas uma extensão analógica.

Mudar não é fácil, eu sei. Principalmente mudanças tão drásticas quanto as apresentadas agora no final do texto. Mas estamos aqui para ajudar você, nessa caminhada.

E, para o momento, gostaria de contribuir com apenas mais uma dica interessante…

Dica Bônus: Transformação Digital

Para empresas que já começam no mundo digital, tudo é mais fácil. No entanto, para quem já está há alguns anos de caminhada no modelo tradicional de empreendedorismo, é necessário passar por todo um processo de transformação, conhecido como Transformação Digital.

Passar por esse processo, no entanto, é muito complicado, e a principal dificuldade é a mudança de mentalidade, pois as pessoas geralmente tendem a continuar fazendo as coisas do mesmo jeito que sempre fizeram.

O problema é que a frase “sucesso no passado não garante sucesso no futuro” nunca foi tão verdade quanto nos tempos que estamos vivendo atualmente.

Sobre esse tema de Transformação Digital, inclusive, temos dois excelentes artigos. São eles: “Transformação Digital: Entenda de uma vez por todas!” e “Transformação Digital: como fazer na Kraft Heinz”.

Confere lá, pois esse tema é de extrema importância para quem quer continuar no mercado, seja como empresa ou como colaborador.

E por enquanto é só.Um grande abraço, e muito sucesso!