Empreendedorismo e Zelo. Qual será a relação?

“Steve Jobs passa quase tanto tempo pensando nas embalagens de papelão de seus gadgets quanto nos próprios produtos. Não é uma questão de gosto ou de elegância – embora isso também faça parte. Para Jobs, o ato de tirar o produto de sua caixa é uma parte importante da experiência do usuário e, como tudo o mais que ele faz, é pensado com muito cuidado.”

O texto acima foi retirado do livro “A Cabeça de Steve Jobs”, de Leander Kahney, e mostra bem o cenário de um grande empreendedor e uma grande empresa, ambos em um dos seus picos de sucesso mais altos.

Em outro ponto do espaço-tempo, temos uma pequena padaria que visitei com minha mãe há vários anos, logo no início da manhã, com o objetivo de comprarmos pão para o café da manhã.

Ao estacionar na frente do pequeno empreendimento, e olhar de forma desatenta para o ambiente enquanto esperava a compra ser concluída, percebi que logo na porta de entrada do estabelecimento havia uma estrutura de metal, que exibia três engradados de garrafas de vidro de refrigerante.

Todas as garrafas estavam vazias. Era possível perceber uma certa camada de poeira, tanto nos engradados quanto nas próprias garrafas, o que dava a entender que tais objetos já estavam naquele local há um certo tempo.

Qual a diferença entre os cenários?

Você deve ter ficado espantado agora, e se perguntado de forma atônita: “mas como comparar a Apple com uma pequena padaria de esquina?”.

Tudo bem, vamos fazer outra comparação…

Há um ano e meio, mais ou menos, minha esposa e eu tomamos conhecimento de uma confeitaria que detinha a fama de ser a melhor e mais cara da cidade, e que seus produtos eram realmente saborosos.

Decidimos, por curiosidade, fazer uma visita à tal confeitaria para experimentar alguns dos seus produtos e serviços.

Durante a visita, tudo acontecia normalmente: produtos muito saborosos, um ótimo atendimento… Até que minha esposa notou algo absolutamente fora do comum (pelo menos para nós, até aquele momento): o chefe de cozinha, por vezes, aparecia discretamente para analisar a expressão facial que seus clientes faziam ao experimentar seus quitutes!

Ao final da nossa visita, uma atendente nos abordou fazendo-nos uma pergunta que sequer lembro-me qual foi, pois o que chamou minha atenção e ficou registrado na minha mente foi o grande sorriso que ela nos deu, deixando-nos a sensação de que ela não seria apenas uma atendente até então desconhecida, mas uma grande amiga de muito tempo que estávamos reencontrando naquele momento.

E agora? Ficou melhor para comparar? Então vamos lá: qual a diferença entre essa confeitaria e a pequena padaria que deixara garrafas e engradados cobertos de poeira sendo exibidos como produtos de vitrine?

Se você pensou em ZELO (ou em algum sinônimo), está absolutamente correto!

Zelo, como diz Silvio Meira no seu livro “Novos Negócios Inovadores de Crescimento Empreendedor no Brasil”, é o que te faz tomar conta de “tudo e dos clientes como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo”.

Voltando aos nossos exemplos, podemos perceber que o resultado do ZELO na confeitaria os permitiu entregar produtos e serviços com uma qualidade tão superior ao que era praticado pela concorrência, que seus preços mais elevados acabaram tornando-se perfeitamente aceitáveis.

Confesso ainda que minha esposa e eu ficamos com o desejo de voltar lá outras vezes (e o fizemos) para passar novamente por aquela experiência.

Veja que, quanto maior o ZELO, maior a tendência de qualidade no VALOR  que você entrega ser superior ao praticado pela concorrência, possibilitando também um aumento no preço cobrado, sem causar redução no número de clientes.

É provável que, nesse cenário, sua empresa passe por um refinamento maior nos seus perfis de público-alvo, o que provavelmente trará uma percepção maior a respeito da identidade da empresa, tanto na visão dos empresário quanto na visão dos demais colaboradores, permitindo que todos entendam melhor qual o papel da empresa e de cada um, diante da sociedade.

Por outro lado, a falta de zelo apenas reduz a qualidade dos produtos e serviços, dos preços e, consequentemente, dos lucros obtidos. Como resultado, ou sua empresa “fecha as portas”, ou continua com as portas abertas, porém, arrastando você e todos os que dela dependem para anos (ou até décadas) em uma vida muito abaixo da que você realmente merece.

Bom, para finalizar o texto, muito mais que boa sorte, desejo a você boas jogadas no jogo do empreendedorismo, pois sua vida e a de muitos certamente dependem dos seus resultados!

Abraços,
Everton Patricio.