Recentemente, deparei-me com uma notícia cujo título tem o potencial de chamar a atenção de muitas pessoas de imediato: “Após atrair investimento de US$ 1,7 bilhão, Quibi encerrará suas atividades”. 

Concorda que esse título é no mínimo chamativo? 😀

Ao dar uma rápida lida no conteúdo, tive alguns insights que acredito serem interessantes para você e para seus empreendimentos, principalmente levando-se em consideração o momento de pandemia que estamos passando.

Então vamos lá…

Primeiro raciocínio: o tamanho do aporte financeiro

A primeira coisa que me chamou a atenção, e muito provavelmente a sua também, foi o tamanho do aporte financeiro: 1,7 bilhão de dólares.

É curioso como temos a tendência de achar que dinheiro resolve tudo… 

Sim, claro. Ele é muito importante. Mas, será que ele resolve tudo?

Lair Ribeiro, autor de diversos best sellers sobre o que ele chama de Ciência do Sucesso, disse há muito tempo que dinheiro hoje não vale nada. E a explicação dele é interessante, e acredito que você vai concordar.

Segundo ele, a questão é que nós estamos na Era da Informação. Já passamos pela Era da Agricultura, onde quem tinha o poder eram os donos de terra, os latifundiários. 

Logo após, fomos para a Era Industrial, onde quem tinha o poder eram os donos dos meios de produção, os industriais, os capitalistas.

Porém, hoje ter dinheiro não adianta de nada, pois podemos perdê-lo da noite para o dia, se o aplicarmos incorretamente.

E de fato eu concordo com ele. Tente lembrar-se de todas as reportagens sobre ganhadores de prêmios da loteria. A grande maioria perdeu absolutamente tudo. Muitos, inclusive, passam a ficar em situações piores às quais estavam antes de ganhar o prêmio.

Mas… Será que esse foi o caso da Quibi?

Vamos dar uma olhadinha no segundo raciocínio.

Segundo raciocínio: os três pilares do empreendedorismo

Não sei se você conhece, mas a história de Flávio Augusto da Silva, fundador da Wise Up, é fascinante: para montar sua primeira empresa, ele pegou emprestado 20 mil reais, no cheque especial, e com esse dinheiro fez a reforma do prédio, comprou os materiais necessários e pagou o salário dos professores.

Nada sobrou de capital de giro para que ele tivesse alguma “segurança”, de forma que se ele não conseguisse vender absolutamente nada, ele teria que fechar as portas da sua empresa recém nascida.

Flávio também é fundador no movimento Geração de Valor, e através deste entregou muito conhecimento para a sociedade, em diversos formatos.

Em uma das suas obras, um livro de título “Geração de Valor: compartilhando inspiração”, ele explica que o empreendedorismo possui três pilares: visão, coragem e competência.

A muito grosso modo, a visão aponta os caminhos possíveis a serem seguidos, pois “dentro da caixa, só se pode contemplar o óbvio. Fora dela, não há limites”. A coragem é necessária porque “mesmo diante da mais bela visão, sem a coragem necessária, todas as ideias vão para dentro da gaveta”. E, finalmente, “cheio de coragem e com uma boa ideia na cabeça, um empreendedor precisa ser competente para colocar seu projeto em prática com sucesso”.

Terceiro raciocínio: cruzando empreendedorismo com o caso da Quibi

Logo no início do artigo na PEGN, já podemos ter algum indício do motivo de a Quibi ter recebido tão grande aporte financeiro: a qualificação dos fundadores (um, cofundador do estúdio de animação DreamWorks, e o outro ex-CEO da HP e do eBay).

No contexto das startups, as ideias são muito importantes. Porém, mais importantes que as ideias, são as equipes, pois são elas que transformarão o imaginário em notas fiscais, como diria Silvio Meira.

Porém, curiosamente, o que dizia a nota enviada pelos sócios fundadores é que eles sentiram que esgotaram todas as opções, e queriam devolver o dinheiro aos acionistas e dizer adeus aos colegas com elegância, e é justamente em cima dessas declarações que eu gostaria de levantar dois pontos com você.

O primeiro é a questão do raciocínio deles de terem esgotado as possibilidades, em comparação com o primeiro pilar do empreendedorismo apresentado por Flávio Augusto: a visão.

Então aí vai uma provocação benigna (pois o fim é para aprendermos com os erros, já que, ao aprendemos com os erros dos outros, economizamos nosso tempo): será que faltou visão por parte deles?

Peter Diamandis e Silvio Meira dizem que as maiores oportunidades de negócios estão nos maiores desafios da humanidade.

Então aqui eu pergunto: será que a humanidade não tem mais nenhum desafio?

Tudo bem que a solução da Quibi foi projetada para uma realidade de antes da pandemia, e com o advento desta, muita coisa mudou, inclusive o problema visualizado pelos fundadores.

Porém, como temos compartilhado aqui no nosso blog e no nosso canal no YouTube, crises, principalmente esta que estamos vivenciando, significam mudança de comportamentos sociais, e mudança de comportamentos sociais resultam no desaparecimento de velhos problemas e no surgimento de novos problemas.

Se empreender é resolver problemas, então o que nos cabe, como empreendedores, não é olhar para nós e tentarmos decidir o que queremos fazer, mas principalmente olharmos para as pessoas, tentarmos enxergar os problemas que elas enfrentam, a criarmos produtos ou serviços que resolvam esse problemas.

O que enxergo que está acontecendo na Quibi é a mesma coisa que está acontecendo nos milhões de empresas tradicionais existentes atualmente: necessitam atualizar seu modelo de negócios para uma nova realidade.

Dessa forma, um movimento que eles podem fazer, é o mesmo movimento que empresas tradicionais devem fazer: começar por áreas periféricas da empresa, ou até mesmo criar MVPs totalmente distintos, que resolvam problemas complementares ao problema principal, e partir para os testes.

Ou seja, em outras palavras, enquanto as empresas tradicionais precisam passar por uma Transformação Digital (mudança de modelo de negócios baseando-se na nova dinâmica e nas possibilidades trazidas pelo Digital), a Quibi precisa passar apenas pela Transformação, sem o Digital (já que Digital é como ela já nasceu).

Essa mudança, para a Quibi, ainda é possível, porque problemas ainda existem, equipe qualificada ainda existe, tecnologia ainda existe, capital de giro ainda existe etc.

O que é necessário, talvez, seja apenas uma incorporação na veia dos pilares do empreendedorismo evangelizados pelo Flávio.

E aproveitando a palavra “evangelizando”…

Quarto raciocínio: a religiosidade

Curiosamente, na mesma manhã em que escrevo este texto, tive a oportunidade de ler a passagem bíblica Mateus 14:22-33, em que é abordado o evento em que Jesus caminhou sobre o mar, e Pedro disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.” E Jesus respondeu: “Vem!”.

Como você provavelmente já sabe, Pedro começou a duvidar durante o caminho, e começou a afundar aos poucos e gritou: “Senhor, salva-me!” Então jesus estendeu e falou: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?”.

Então gostaria de nesse ponto fazer um breve complemento ao pilar Coragem, de Flávio Augusto: é importante que sua coragem seja baseada na fé, porque se você não acreditar que vai conseguir com todas as suas forças, sua coragem poderá não durar muito tempo.

Quer ouvir outra referência mais popular e diferente da bíblia? Segue então uma frase bem legal que vi no último filme de Robin Hood:

“Lute, e lute novamente. Até cordeiros virarem leões.”

Porém, lute com sabedoria, mudando de estratégia, sempre que for necessário, pois como disse Albert Einstein, “insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Lembre-se sempre de basear suas decisões em testes e dados.

Uma mensagem para você!

Como você pôde ver, o que define o sucesso de uma empresa não é necessariamente dinheiro. Você pode ter um aporte bilionário, e em poucos meses a coisa não estar muito boa.

O ingrediente principal que faz um empreendimento ter sucesso é você! É o seu coração, a sua garra, a sua visão, coragem e competência!

Se você tem uma ideia que irá impactar positivamente o mundo de alguma forma, vá em busca e lute por ela! Nunca as possibilidades foram tão incríveis quanto hoje, quanto agora. Você já tinha imaginado na sua infância que algum dia ouviria falar no aparecimento de unicórnios?? 😀

Então, parafraseando Lair Ribeiro, segue mais uma dica para você:

“O segredo do sucesso é sonhar durante a noite, e trabalhar durante o dia.”

Abraços, e muito sucesso pra você! 😀