Certa vez ouvi o seguinte raciocínio de Lair Ribeiro:

“Viver sem planejar sua vida, é como dirigir um carro em marcha à ré: você está vendo de onde está vindo, mas não está vendo para onde está indo, e qualquer lugar em que você chegar, estará bom.”

Curioso como temos o hábito de muitas vezes escolher o caminho mais fácil, ou de deixar que as coisas aconteçam naturalmente, porque assim teremos menos trabalho.

Silvio Meira diz que nós, como sociedade humana, somos diferentes de sociedades de formigas, por exemplo, porque as formigas, após um determinado período, sempre chegam às mesmas conclusões, sempre constroem as mesmas obras…

Lembra da similaridade entre os formigueiros?

As sociedades humanas, no entanto, ainda segundo Silvio Mera, possuem a capacidade de chegar a resultados diferentes, a melhorar suas habilidades, de acumular conhecimento e elaborar novas técnicas com base neles.

De fato, basta fazermos uma breve viagem mental através da história da humanidade para percebermos que inegavelmente o estilo de vida em geral tem melhorado consideravelmente com o tempo, principalmente no último século, e uma grande parte dessa melhoria (ou talvez toda ela) deva-se às obras que a mente humana foi capaz de conceber.

No entanto, no contexto da humanidade, nem tudo aconteceu de forma deliberada. Na verdade, muitos acontecimentos foram fruto de mero acaso, ou até de “aproveitar-se” de determinadas condições para o benefício próprio.

Veja, por exemplo, a formação das primeiras civilizações: um padrão visível é que muitos dos agrupamentos surgiram ao redor de rios, como a Civilização Mesopotâmica.

E o que isso tem a ver com empresas fecharem durante a pandemia?

Olha só que interessante: você concorda que existe um padrão entre o surgimento da civilização mesopotâmica no entorno dos rios Tigre e Eufrates, e a formação de pequenos ou até médios restaurantes no entorno de grandes centros de agrupamentos humanos (como escolas, faculdades, centros de empreendedorismo etc.)?

E se compararmos então com a formação de um formigueiro em um terreno qualquer?

Muitas são as lições que podemos tirar e soluções que podemos aplicar se conseguirmos identificar padrões que ocorrem na natureza em diferentes contextos, retirá-lo de um contexto e aplicá-lo em outro.

Por exemplo: se entendermos o termo “surgimento natural” como significando algo não adequadamente planejado, perceberemos que o fato de apenas observarmos determinadas circunstâncias em um curto intervalo de tempo, um breve instante, e acreditarmos que aquelas circunstâncias serão eternas, pode nos tornar frágeis diante de acontecimentos imprevistos.

Em outras palavras, criar uma loja de açaí simplesmente porque várias outras pessoas, naquele momento, o estão fazendo e obtendo bons lucros, certamente fará com que você não perceba que, a longo prazo, o número de lojas de açaí aumentará bastante, aumentando a concorrência, fazendo com que o preço passe a ser o único diferencial, reduzindo as margens de lucro e inviabilizando a existência da maioria das lojas no futuro e fazendo com que as que continuarem no mercado apenas existam para pagar as contas que naturalmente geram.

Veja que criar negócios sem um planejamento adequado, nos torna tão frágeis quanto um formigueiro formado à beira de um rio que transborda sob a mais leve chuva, ou mesmo no meio de uma estrada, pela qual passará um caminhão que pesa toneladas, dentro de algumas horas, e esmagará todas as formigas.

Sei que parece amedrontador, mas o objetivo aqui é fazer você entender que da mesma forma que passar anos fazendo planejamentos e sem colocar nada em prática, é tão prejudicial quanto iniciar qualquer empreitada sem o planejamento adequado.

Tudo bem, eu sei que uma pandemia talvez não estivesse nos planos de quase ninguém. No entanto, diversos outros problemas que já existiam e ainda existem, também são uma grande ameaça para muitos dos problemas que estamos enfrentando hoje.

Uma dessas ameaças, inclusive, é o desemprego tecnológico: a sociedade está mudando radicalmente, em uma velocidade cada vez maior, principalmente devido ao desenvolvimento tecnológico e à sua integração com a nossa sociedade.

Nesse sentido, tecnologias disruptivas, como a Inteligência Artificial, avançam cada vez mais, assumindo tarefas padronizadas e repetitivas que antes só poderiam ser feitas por seres humanos, começando com atendimentos via chatbots, passando por chamadas telefônicas e, em um futuro muito breve, o diagnóstico de doenças que até então são realizadas apenas por médicos.

Veja que esse problema em si, no ponto de vista econômico, é muito pior que a pandemia, pois esta, apesar de não ter um prazo específico, sabemos que irá acabar. Já um tipo de emprego que foi tornado completamente irrelevante por um software com Inteligência Artificial, esse sim não tem expectativas de empregar mais nenhum humano.

Afinal de contas, qual empresa contratará um humano, que recebe um salário mensal, precisa tirar férias (e é pago por isso), décimo terceiro etc., que pode chegar mal humorado, trabalha 8 horas por dia, dentre outras coisas, se pode contratar um software, que trabalhará 24h por dia, 7 dias por semana, não tem queda de produtividade, não fica estressado, não tira férias e que não recebe décimo terceiro, por exemplo?

Você pode até entender o impacto causado pela pandemia como sendo uma  breve preparação para todas as mudanças sociais pelas quais passaremos muito em breve, e que inclusive chegará mais breve do que havíamos imaginado, justamente porque o isolamento social causou uma grande aceleração no processo de transformação digital das mais variadas sociedades presentes no globo terrestre. Inclusive, nesse sentido, indico que você assista uma série de vídeos que criamos e que se chama Projeto Pedra Degrau, em homenagem à famosa frase de Bruce Lee: “Faça da sua pedra de tropeço o seu degrau de subida”. Dá uma olhadinha:

Certo. Já entendi. Mas…

Como resolver o meu problema agora?

A primeira coisa que devemos fazer é lembrar que empreender, que criar negócios, na verdade, é resolver problemas. Inclusive, é exatamente isso que eu falo no vídeo “O maior erro que os empresários cometem e que poucos percebem “, como você pode ver logo abaixo:

Já estamos chegando ao final, mas antes de concluir, gostaria de te contar uma pequena história.

Certa vez, ao assistir a uma palestra, o palestrante falou a seguinte frase:

“Você já percebeu que você quase nunca vê uma gestante e, de repente, quando o casal engravida, eles começam a ver em todos os lugares uma gestante? Isso acontece porque a partir do momento do início da gestação, você ativou um filtro no seu cérebro que disse: ‘Observe isso a partir de agora, porque isso é importante’.”

Assim como no raciocínio do palestrante, em uma grande quantidade de mulheres NÃO engravidou repentinamente, houve apenas uma “mudança de configuração cerebral”, também é possível modificar a nossa configuração mental no contexto do empreendedorismo, de forma que possamos olhar mais atentamente para as pessoas, tentar entender por quais problemas elas estão passando e que não enfrentavam antes da pandemia, e como podemos ajudá-las a resolver esses problemas.

Ou menos tentar entender por quais problemas essas pessoas já estavam passando antes de pandemia, que continuam enfrentando, e pensar em como podemos resolver esses problemas antigos de novas formas, através de novas abordagens, principalmente digitais.  Inclusive, é exatamente isso que abordamos em outra série de vídeos, chamada Fábrica de Ideias Contra o Coronavírus. Dá uma olhadinha no primeiro episódio:

Chegamos então ao final do nosso vídeo. Espero que essas ideias possam ajudar você e sua empresa a não somente passarem por esse momento difícil, mas que vocês possam se reinventar, renascer como novo profissional e como nova empresa.

Dizem que as dificuldades que passamos hoje, servem para nos tornar mais fortes para conseguirmos superar as dificuldades do futuro. É isso que desejo para você como pessoa. É isso que desejo para você como empresa. Superação. Adaptação. Transformação de fraqueza em força. De ameaça em oportunidade.

Vejo você muito em breve!

Abraços, Everton Patricio.