Recentemente li um e-mail enviado pela StartSe que falava do recente dilema da Netflix: uma empresa que serve de inspiração para muitos líderes de inovação, que pela reformulação do seu modelo de negócios causou uma grande mudança na rotina das pessoas no setor de entretenimento e que subjugou toda uma cadeia de outros empreendimentos baseados na locação física de filmes.

Como toda moeda tem dois lados, o lado negativo dessa “moeda”, analisando somente o curto prazo, foi o desemprego gerado no segmento: somente na BlockBuster, maior player até então, o desemprego gerado foi cerca de 100 mil pessoas – o total médio de funcionários levando-se em consideração todas as suas lojas.

Atualmente, a Netflix está sofrendo uma grande ameaça: inúmeros outros players já estão realizando investimentos massivos e prestes a entrar na briga pelos clientes da gigante do entretenimento. O problema, inclusive, não é somente na perca de clientes, mas também na perca de filmes e pacotes de séries produzidas por alguns desses players, que agora possuirão sua própria plataforma de streaming e, certamente, não continuarão disponibilizando seu acervo para a Netflix.

O raciocínio chave do e-mail é:

“…se até ela [a Netflix] está precisando se reinventar nos próximos anos para não perder mercado para as novas e obstinadas concorrentes… Que chance empresas tradicionais têm nesse mercado que está mais rápido, concorrido e tecnológico?”

A questão é que, conforme já comentei em outros textos, evolução tecnológica provoca novas facilidades e possibilidades, que acabam transformando o comportamento de pessoas e sociedades, que criam novas necessidades e que demandam novos empreendimentos para suprirem-nas.

Esse movimento constante (e cada vez mais rápido) de criação de novas tecnologias, mudança de comportamento e surgimento de novas necessidades e modelos de negócios, Alvin Toffler e Silvio Meira chamam de Ondas de Inovação.

Agora, peguemos por exemplo um pequeno supermercado e uma pequena loja de roupas do interior: veio Google, Youtube, Orkut, MSN, Facebook, Instagram, WhatsApp… e cada um desses “personagens” modificou profundamente alguns ou muitos hábitos de pessoas no mundo inteiro.

Muitas ondas de inovação e oportunidades de crescimento empresarial passaram durante essa linha do tempo e, infelizmente, assim como muitas outras empresas em muitos outros segmentos, nosso supermercado e nossa loja de roupas continuaram imutáveis.

Aí você diz: “Mas eu conheço uma loja de roupas que publica fotos no Instagram e um pequeno supermercado que aceita pedidos pelo Whatsapp. Isso não seria exemplo de inovação?”

Vamos comparar o Instagram e o Whatsapp com um telefone fixo: colocar um telefone fixo na sua loja, quando todos já o usam, é um exemplo de inovação?

Percebeu como fazer essa comparação deixou “as coisas mais claras”?

Fazer o que todo mundo já está fazendo, não é inovar, mas sim seguir tendências, e é exatamente por isso que as empresas que apenas seguem essas tendências não experimentam um aumento vertiginoso no seu faturamento. Colocar um telefone fixo na sua empresa, por exemplo, apenas facilita um pouco a comunicação.

Você pode pensar nesse momento: “Então você está me dizendo que utilizar um telefone fixo é a mesma coisa que utilizar o WhatsApp?”

Depende… O telefone fixo você usa apenas para entrar em contato com seus clientes, certo? Se você utiliza o WhatsApp também apenas para entrar em contato com seus clientes (mesmo que enviando imagens, criando algum grupo para ficar empurrando suas promoções e desejando bom dia), em resumo, você está apenas entrando em contato com eles.

No entanto, se você utiliza o WhatsApp para promover uma experiência completamente diferente para o seu cliente, aí sim você começa a inovar, e aí sim o WhatsApp começa se diferenciar de um simples telefone fixo e, como consequência, o impacto certamente será sentido no seu faturamento mensal.

Veja que, no fim das contas, o que importa não é qual tecnologia utilizamos, mas como a utilizamos.

Um chefe de cozinha pode utilizar uma faca apenas para dividir os alimentos em pedaços menores, como a grande maioria faz, ou utilizar a mesma faca para cortar os alimentos em formatos chamativos, que impactarão e encantarão a visão dos seus consumidores. Então, minha mensagem é: Google, Youtube, Orkut, MSN, Facebook, Instagram, WhatsApp… Não usar, usar como todo mundo usa, ou usar de forma criativa, para transformar completamente a experiência do seu cliente e impactar significativamente seu faturamento, sua vida e a vida dos seus colaboradores. Quem decide é você.

Abraços e muito sucesso!