Todo ou quase todo empresário gostaria de receber uma quantia desses em forma de investimento na sua empresa. A final, com a alta burocracia e os altíssimos juros cobrados pelas instituições bancárias para empréstimos de qualquer quantia, uma entrada de dinheiro dessa proporção por uma fração da sua empresa parece, muitas vezes, um presente dos céus, concorda?
No entanto, infelizmente, essa possibilidade está astronomicamente distante da maioria das empresas brasileiras.
Continue lendo esse artigo e entenda o porque!
Segundo a STARTUPI, a Even3, recentemente, anunciou ter recebido exatamente 500 Mil Reais de investimento. Basicamente, a Even3 é uma plataforma que, entre outros recursos, permite a automatização do processo de publicações de trabalhos em eventos científicos, facilitando a submissão de tais trabalhos, o recebimento e gerenciamento das taxas de inscrição e a emissão de certificados, por exemplo.
Você pode estar pensando agora: “Certo. E como eu faço para também receber investimentos. A final, isso é o que o título desse artigo sugere…”.
O primeiro passo é pensar diferente.
Infelizmente, a maioria dos brasileiros quando pensa em montar alguma empresa, têm a triste tendência de apenas copiar modelos de negócio há muito tempo conhecidos e saturados no mercado, ou até mesmo ultrapassados. O pensamento é mais ou menos assim: “Quero montar uma empresa. Deixa eu ver qual tipo de empresa eu vou montar… Supermercado, loja de construções, loja de roupas…”.
Segundo KIM e MAUBORGNE, no livro A Estratégia do Oceano Azul, o problema de seguir essa linha de raciocínio é que você já inicia sua empresa batalhando por uma fatia de mercado com um grande número de concorrentes, sendo obrigado a jogar pelas mesmas regras com as quais eles jogam, tentando diferenciar-se pelo preço (já que, ao contrário do que muitos pensam, atendimento de boa qualidade é obrigação básica de qualquer empresa, e não algo que você possa citar como diferenciação entre você e os seus concorrentes), reduzindo seus lucros e aproximando você e seus colaboradores da insatisfação financeira e profissional.
Qual seria a solução então?
Ainda segundo a mesma obra de KIM e MAUBORGNE, o ideal seria pensar em construir empreendimentos dentro de um espaço de mercado ainda não explorado, chamado por eles de “Oceanos Azuis”. Dentro desses espaços inexplorados de mercado, para o qual você deverá abrir caminho, não existe concorrência e você dita as regras, como preço, tipo de produto ou serviço a ser ofertado, quais as formas de fazer tal ou tais produtos ou serviços chegarem até os diversos segmentos de público-alvo (personas ou avatares), etc.
Em termos práticos, como se faz isso?
O ideal é, primeiramente, você tentar encontrar problemas existentes no mercado. Problemas que ninguém ainda está tentando resolver. Esses problemas são, na verdade, brechas inexploradas no mercado. Pense, de forma criativa, em como você poderia resolver este ou estes problemas que você encontrou, e que ninguém mais está tentando resolver, e aí está o seu empreendimento de Oceano Azul de oportunidades. O empreendimento em que você definirá as regras e os preços. Um empreendimento em que, pessoas com uma boa “grana” disponível, ficarão empolgadíssimas para investir seu dinheiro, pois tal investimento lhes retornará muito mais lucros que uma simples aplicação na poupança ou em algum fundo de investimento qualquer.
Nesse momento, você deve estar pensando: “Humm… A fala está bonita. Mas você tem algum exemplo?”.
Perfeitamente: a própria Even3, citada no início desse artigo.
A probabilidade de seu ou seus criadores terem copiado seu modelo de negócios a partir de outro já existente é mínima (eu nunca ouvi falar em algo similar. Você já ouviu? Compartilhe conosco pra galera ficar sabendo lá nos comentários!). A probabilidade é de eles terem usado a “cachola” pra pensar em problemas existentes no nicho que desejariam trabalhar, ou simplesmente terem observado essa brecha já no seu ambiente de convívio normal e terem implementado a solução anteriormente vislumbrada.
Resultado? Um investimento de 500 Mil Reais!
Mudando o contexto para entender melhor
Quer outro exemplo de um empreendimento que foi criado para atuar em uma brecha de mercado até então inexplorada?
Você já ouviu falar no Cirque du Soleil?
Então. Já na época da sua criação, a indústria enfrentava os seguintes problemas: as exigências dos fornecedores (grandes estrelas circenses) eram altíssimas, as exigências dos compradores eram igualmente de alto nível, e o número de concorrentes indiretos, como espetáculos urbanos, eventos esportivos e até mesmo aparelhos de vídeos game, aumentava cada vez mais, fazendo com que cada vez menos pessoas comparecem aos espetáculos de circo.
Situação difícil, não é?
O que foi que o fundador e atual CEO do Cirque du Soleil pensou? Em fundar um circo exatamente igual aos outros? Como você sabe, não.
Ao invés disso, ele decidiu criar uma brecha de mercado até então inexistente. Para proporcionar uma experiência única aos expectadores, ele decidiu mesclar características do circo e do teatro, atraindo, dessa forma, uma nova categoria de clientes, dispostos a pagar preços muito maiores que os cobrados pelos circos tradicionais.
Além disso, perceba também que não há como comparar uma apresentação de circo tradicional com uma apresentação do Cirque du Soleil, o que significa que, ao criarem a sua própria categoria de mercado, eles tornaram toda a concorrência dos circos tradicionais completamente irrelevante.
Legal, não?
Que tal fazer o mesmo?
Quando for pensar em montar uma empresa, não siga pelo mesmo caminho da manda. Pense diferente. Pense com olhos criativos em como você poderia resolver os problemas existentes. Para tal, pense nas pessoas que você quer ajudar, e quais problemas elas enfrentam. De preferência, estude-as tanto, que você possa enxergar até mesmo problemas que elas têm, mas que ainda não perceberam que os têm. Implemente a solução para este ou estes problemas, e então, muito provavelmente, você terá uma nova brecha de mercado inteirinha para você, além de atrair os olhos de muitos investidores!